A leishmaniose em cães é uma doença parasitária grave causada por protozoários do gênero Leishmania, transmitidos pela picada de flebótomos infectados, também conhecidos como "mosquitos-palha" ou "cangalhinha". Esta enfermidade tem se tornado uma preocupação crescente na medicina veterinária, especialmente em regiões tropicais e subtropicais, onde as condições ambientais favorecem a proliferação dos vetores.
O ciclo de transmissão da leishmaniose canina envolve três componentes principais: o protozoário Leishmania, o vetor (flebótomo) e o hospedeiro (cão). Quando um flebótomo fêmea infectado pica um cão, ele transmite o parasita para a corrente sanguínea do animal.
Uma vez dentro do corpo do cão, os protozoários Leishmania se multiplicam dentro das células do sistema imunológico, especificamente os macrófagos, causando uma resposta inflamatória que pode levar a uma variedade de sintomas clínicos.
Os sinais clínicos da leishmaniose em cães podem variar amplamente, desde casos assintomáticos até formas severas e debilitantes da doença. Os sintomas mais comuns incluem perda de peso, lesões cutâneas, alopecia (perda de pelo), dermatite (inflamação da pele), onicogrifose (crescimento anormal das unhas), linfadenopatia (inchaço dos linfonodos), e hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e do baço). Em casos avançados, pode ocorrer insuficiência renal, que muitas vezes é a causa da morte do animal.
O diagnóstico da leishmaniose canina é desafiador devido à variedade de sintomas e à semelhança com outras doenças. Ele geralmente é baseado em uma combinação de histórico clínico, exames físicos, e testes laboratoriais. Os testes laboratoriais mais utilizados incluem sorologia (detecção de anticorpos contra Leishmania), PCR (detecção do DNA do parasita), e exame citológico ou histopatológico (identificação direta do parasita em amostras de tecidos).
O tratamento da leishmaniose em cães pode ser complicado e caro, e envolve o uso de medicamentos antiparasitários específicos, como o antimoniato de meglumina e a miltefosina, além de medidas de suporte para controlar os sintomas clínicos e melhorar a qualidade de vida do animal. Embora o tratamento possa reduzir a carga parasitária e controlar os sintomas, ele raramente elimina completamente o parasita, e a doença pode recidivar.
A prevenção da leishmaniose é fundamental e envolve o controle dos vetores e a proteção dos cães contra picadas de flebótomos. Medidas preventivas incluem o uso de coleiras impregnadas com inseticidas e repelentes tópicos próprios para cães, e a manutenção de ambientes livres de vetores, como evitar áreas com alta densidade de mosquitos e manter os cães em ambientes protegidos, especialmente durante o período de maior atividade dos flebótomos, que é ao entardecer e à noite. Além disso, a vacinação contra a leishmaniose tem se mostrado uma ferramenta promissora na prevenção da doença, e várias vacinas estão disponíveis no mercado.
É importante que os proprietários de cães estejam atentos aos sinais de leishmaniose e procurem assistência veterinária ao primeiro indício de doença. A leishmaniose não é apenas uma ameaça à saúde dos cães, mas também uma preocupação de saúde pública, já que a doença pode ser transmitida aos humanos através da picada dos flebótomos infectados. Assim, a vigilância e o controle da leishmaniose são essenciais para proteger tanto os animais quanto as pessoas.
Em conclusão, a leishmaniose em cães é uma doença complexa e multifacetada que exige uma abordagem integrada para seu diagnóstico, tratamento e prevenção. Como veterinários, nosso papel é educar os proprietários, promover práticas preventivas eficazes e proporcionar o melhor cuidado possível aos nossos pacientes caninos. A conscientização e a colaboração são fundamentais para controlar e reduzir o impacto desta doença debilitante.
Sobre a autora
Dra. Vitória Nakano é médica-veterinária graduada pela Universidade Anhembi Morumbi, pós-graduação em Cirurgia Ortopédica e Neuroespinais pelo CETAC, especializada em atendimento de filhotes, consultas e vacinas domiciliares para cães e gatos em São Paulo, SP.
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